Por Paulo Henrique Pedroso, CFP®
Os anos entre 2020 e 2022 tem sido uma preocupação para o investidor comum.
Primeiro, a taxa SELIC que foi de 8% para 2%, depois subiu a galope para 13.75% ao ano. Uma inflação que chegou a 12% no acumulado de 12 meses e depois recuou para 8% acumulado anual, com incríveis 3 meses consecutivos de deflação no Brasil.
Quando olhamos pelo retrovisor, é fácil dizer que deveríamos ter colocado tudo em títulos que pagassem entre 130% a 150% do CDI, muito comum em meados de 2020. Hoje, realmente representam uma rentabilidade interessante!
Mas esquecemos que naquele período, 100% ou 200% do CDI de nada valia, pois, os preços de tudo subiam rapidamente, seja na bolsa de valores após COVID, seja na economia real, com imóveis e veículos dobrando de preço.
A única preocupação do investidor comum era se proteger da temida inflação — preservar o poder de compra. De nada adiantava fazer 200% do CDI, se isso representava 50% do IPCA.
Hoje a história mudou. Ter uma carteira conservadora ou moderada, montada e diversificada antes de 2022, com ativos indexados à inflação, pós-fixados e agora, com entrada de prefixados, possivelmente poder ter percebido hoje que, em um ou dois meses, terão dificuldade de bater o CDI.
Sim, o mesmo CDI que foi motivo de chacota para vários investidores em 2020, hoje está em 2 dígitos e pode permanecer assim por vários meses, ou não.
O ponto é, do futuro ninguém sabe. E quem diz que sabe, pode dar “all-in” em todo seu patrimônio no que acreditar ser o pote de ouro no futuro, e de quebra, reservar uma pequena fatia para marcar os números premiados da Mega-Sena quando estiver acumulada.
Brincadeiras à parte, a diversificação é sempre trazida aos investimentos, pois uma certeza temos: do futuro ninguém sabe.
Quem saberia que teríamos uma pandemia, guerra Rússia x Ucrânia e aliados, possível colapso na economia da China e início de uma recessão global? Tudo isso em apenas dois anos?
Partindo do pressuposto de que do futuro não sabemos 100% e que fazemos projeções baseadas em estudo, analisando expectativas e o que aconteceu no passado, resta o último almoço grátis ainda oferecido a todos do mercado financeiro mundial: A diversificação de seus investimentos, sejam eles conservadores ou não, imobilizados ou não.
Busque analisar os ciclos do mercado para, no caso da renda fixa brasileira, comprar taxas acima das médias históricas, de todos os indexadores, mesmo que estejam, naquele momento, descartadas e apontadas negativamente pela maioria. Como é o caso dos ativos indexados pela inflação hoje, e os pós-fixados e prefixados há 1 e 2 anos.
Não existirá uma única e mesma estratégia de investimentos que funcionará ao longo de décadas. Dito isso, a diversificação (não confunda com pulverização) não te fará bater todos os índices e indicadores do mercado em todas as janelas de tempo, mas uma certeza temos, te fará ganhar razoavelmente bem, acima da média, em todos os cenários de médio a longo prazo.